À primeira vista, pode parecer estranho colocar trabalho e saúde mental em polos opostos. Afinal, o trabalho dialoga com as nossas necessidades e a nossa realização pessoal.

Porém, percebo cada vez mais que, para muitos, fatores relacionados ao trabalho são razão de adoecimento.

Quer saber mais sobre isso?

O primeiro ponto:  detectar quando é preciso acender o alerta

Alguma vez você já sentiu infelicidade no trabalho? Ou, talvez, falta de realização profissional?

Eu vivi, alguns anos atrás, algo assim. Eu estava no melhor momento da minha carreira, com grandes projetos e conseguindo realizar meu sonho profissional. Porém, depois de algum tempo, percebi que algo estava errado. Afinal, eu não conseguia me sentir tão bem quanto eu gostaria.

Ao contrário: comecei a me sentir uma pessoa infeliz, com a sensação de que faltava alguma coisa. Então decidi procurar ajuda, afinal, precisava entender aquele emaranhado de sentimentos e emoções conflitantes sobre o meu momento.

A partir dali, fiz me submeti a uma bateria de exames em uma busca médica e uma busca psicológica mental. Conversei com vários profissionais, constatando que tanto minha saúde física quanto minha saúde mental estavam abaladas.

O estresse elevado gerava no meu corpo uma arritmia cardíaca. Toda essa aceleração e ansiedade também comprometiam o meu estado emocional, acendendo o alerta para o risco de desencadear outros problemas.

Foi o momento que tive de parar e reavaliar. A partir de acompanhamento com vários profissionais médicos, decidi que a minha felicidade e a minha vida não poderiam ficar em segundo plano.

Assim, minha saúde mental e meu bem-estar deveriam estar à frente. Portanto, pensei bem, analisei, me reestruturei e decidi mudar radicalmente.

Mudei meu trabalho, mudei minha empresa e mudei os efeitos deles sobre mim.

Primeiramente, quero chamar a sua atenção para o seguinte: você precisa monitorar o que acontece dentro de você o tempo todo. Oscilações são normais, mas a partir do momento que você começa a sentir-se infeliz com algo que deveria andar bem, é preciso averiguar.

Em segundo lugar, é preciso entender que nem sempre estar no seu melhor trabalho ou melhor momento profissional é estar feliz. Você precisa perceber e agir para realizar a mudança necessária.

De acordo com a International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil ocupa o 2º lugar entre os países com maior incidência de burnout. Decorrente do estresse crônico, essa síndrome resume a exaustão física e emocional gerada pelo sentimento de inadequação e de falta de perspectivas no trabalho.

Além disso, segundo pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), 63% dos brasileiros têm sintomas de ansiedade. Ainda, 59% deles tinham sinais de depressão.

Com base na minha história e nestes dados, é possível contemplar a dimensão do problema. Por isso, o desenvolvimento da saúde mental é uma questão que preocupa cada vez mais os profissionais de RH.

Aqui vai um alerta: o sucesso de qualquer empresa deve estar alinhado com pessoas certas, nos lugares certos. Portanto, pessoas felizes são mais que um indicador deste “acerto” organizacional.

Afinal, esse deve ser o objetivo de qualquer companhia que preza pelo fator humano, não é mesmo?

Outros estudos levam em consideração quais são os fatores envolvidos nesse adoecimento dos profissionais. Na Austrália, uma pesquisa baseada em um censo feito pelo governo (o Household, Income and Labour Dynamics, o HILDA) investigou o bem-estar da população sob a ótica pessoal e profissional. A conclusão do estudo, conduzido pela universidade britânica de Leeds, foi de que trabalhar por quatro anos num trabalho precário é suficiente para gerar danos psicológicos, com direito a mudanças de personalidade.

Segundo ponto: atentar aos sinais de um trabalho precário

Mas o que é um trabalho precário?

Você sabe que condições são capazes de tamanhos danos à saúde mental?

Aqui é um momento para avaliar de perto todos os sinais. Por isso, perceba que o estudo citado anteriormente ajuda a responder essas perguntas.

Para definir um trabalho como precário, o levantamento considerou a autonomia do funcionário, o tempo consumido pelo trabalho e o estresse decorrente dele.

Conhecer o seu perfil comportamental e o do seu colaborador também é importante nessa avaliação. Por exemplo, quando pensamos em estabilidade, esse pode ser um fator mais ou menos importante.

Isso vai depender do perfil comportamental e contexto de cada um: para um trabalhador com família a sustentar e perfil analista, por exemplo, a garantia de que o seu trabalho será mantido pelos próximos meses ou anos, em geral, é um fator de maior peso do que para um jovem profissional com perfil executor e que mora com os pais.

Agora, pensemos nas transformações mais recentes do mercado. Existe uma grande tendência a relações de trabalho menos reguladas e estáveis.

Prova disso são as crescentes terceirizações e os contratos livres de vínculos. De acordo com o estudo, fatores como estes aumentam a insegurança de colaboradores cujo perfil comportamental é de estabilidade em relação ao futuro e prejudicam sua percepção sobre o trabalho.

Mas quais são os danos que um trabalho precário pode ocasionar?

Antes disso quero salientar que, temos o controle em nossas mãos, se chama autoconhecimento.

Se eu me conheço, se eu sei o que eu quero e o que eu não quero para minha vida. Desta forma, se eu conheço meu perfil comportamental, por exemplo, já consigo detectar sinais de que o trabalho onde estou pode me ocasionar danos.

Por outro lado, quando eu não me conheço e não consigo prestar atenção nos sinais, posso ter sérios problemas.

Se submetido por longos períodos às condições de estresse mencionadas anteriormente, você pode, assim como os trabalhadores pesquisados, apresentar alterações em três traços de personalidade.

  1. Neuroticismo: diz respeito a problemas como ansiedade, depressão e outros sentimentos negativos
  2. Afabilidade: envolve menor capacidade de ser gentil e cooperar com o grupo
  3. Diligência: menos compromisso com as obrigações assumidas com os outros e com o seu trabalho

Por isso, defendo a linha do autoconhecimento. Afinal, através dele é que existem pessoas capazes de superar condições adversas sem ter a saúde emocional abalada.

Perfis comportamentais mais extrovertidos normalmente mantêm a capacidade de se comunicar. Pessoas mais sonhadoras, também visualizam com mais facilidade a possibilidade de arriscar novos passos fora da zona de conforto.

Existe algo que a psicologia chama de plasticidade, que diz respeito à capacidade de adaptar-se. Neste caso, é possível trabalhar por meio do autoconhecimento fatores internos, para não adoecer diante de fatores externos.

Mas NÃO, você não precisa mudar quem você é para permanecer numa situação que não te motiva nem traz felicidade.

Pelo contrário, saber o que te afeta, ter a consciência do que não é benéfico para você, deve servir de combustível para te tirar da zona de “desconforto” e partir em busca da sua felicidade.

Quer um conselho? Comece pelo autoconhecimento, realinhando os seus objetivos, conhecendo de perto o seu perfil comportamental, traçando metas claras, com pleno domínio do que te faz bem e do que não serve mais para a sua vida.

Vamos juntos?

Gostou? Siga nossas redes sociais e acompanhe nossas dicas.

Facebook | Instagram | Twitter | Youtube | Linkedin | Pinterest

Fontes:

RH Week – Edição Saúde Mental: insights do evento. Escola Conquer. Disponível em: <https://escolaconquer.com.br/blog/rh-week-edicao-saude-mental-insights-do-evento/> . Acesso em 13 de maio de 2021.

VOCÊ S.A. Manter um trabalho precário pode acabar com sua saúde mental, diz estudo. Editora Abril. Disponível em: <https://vocesa.abril.com.br/desenvolvimento-pessoal/manter-um-trabalho-precario-pode-acabar-com-sua-saude-mental-diz-estudo/>. Acesso em 13 de maio de 2021.

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *