Já ouviu falar em inteligência emocional, mas ainda não entendeu muito o conceito da coisa? Bom, a inteligência emocional é influenciada por uma série de traços de personalidade, e trabalhá-la pode trazer uma série de benefícios, inclusive, relacionados à carreira. Ela tem sido um fator muito considerado em processos seletivos, passando à frente até mesmo do QI (Quoeficiente de Inteligência), em muitos casos. 

Bastante popular nos dias de hoje, esse termo foi cunhado pela primeira vez pelo psicólogo americano Hanskare Leuner, aplicado em um artigo científico de 1966. Porém, apenas em 1989 a sua concepção foi aprimorada pelo psiquiatra infantil Stanley Greenspan e, depois, em 1990, pelos psicólogos Peter Salovey e John Mayer.

Inteligência emocional: o que é inteligência emocional?

Ok, já entendi que a inteligência emocional é importante. Mas, afinal de contas, o que ela é? Esse é o nome dado a um conjunto de competências relacionadas a como e o quanto percebemos, compreendemos, processamos e gerenciamos as nossas emoções. 

Desenvolver habilidades de inteligência emocional ajuda a lidar com situações difíceis da vida I Freepik

Para Salovey e Mayer, a inteligência emocional está ligada a quatro domínios básicos. O primeiro é a percepção das emoções, que está relacionado a precisão com que uma pessoa identifica as suas emoções; o segundo é o raciocínio por meio das emoções, que diz respeito ao uso de informações emocionais para facilitar o raciocínio; o terceiro é o entendimento das emoções, que implica em saber captar as variações emocionais e compreendê-las mais profundamente; e, por último, vem o gerenciamento das emoções, que trata da aptidão para lidar com os próprios sentimentos. 

Um outro autor muito responsável por popularizar o termo foi o psicólogo, escritor e PhD em Harvard, Daniel Goleman. Ele descobriu que apenas 20% do sucesso de uma pessoa está ligado a sua inteligência cognitiva. Os 80% restantes são atribuídos pelo autor à inteligência emocional. O trabalho pioneiro de Goleman vem ganhando cada vez mais relevância com o entendimento de que para ser feliz, é preciso saber lidar com as próprias emoções e com as emoções dos outros. E isso importa mais do que ter um currículo impecável. 

Inteligência emocional: aprender a lidar com a vida através da inteligência emocional

Exercitar a inteligência emocional permite lidar melhor com situações difíceis da vida. Quem tem autocontrole sabe lidar com as próprias emoções e não se desespera facilmente ou tem reações inesperadas com frequência. Essa é uma habilidade que ajuda muito na vida em comunidade e no dia a dia de modo geral. 

Se uma pessoa inteligente emocionalmente é, por exemplo, não se deixar levar por situações estressantes no trânsito, não xingar o motorista que te cortou no trânsito e partir para a briga. Ao contrário disso, a inteligência emocional permite que você exercite a habilidade de ter empatia, se colocar no lugar do outro. Pode até parecer loucura, mas evitar o estresse no engarrafamento, nas filas do banco e do supermercado, ou em qualquer outro lugar, é real segredo da felicidade. E quem não quer ser mais feliz, né?

A inteligência emocional ajuda a lidar com dores, tristezas e frustrações I Freepik

Não é uma tarefa fácil desenvolver um nível de excelência de inteligência emocional, mas não é impossível. Ninguém nasce com esse “dom”, é uma habilidade que pode e deve ser adquirida. Vivemos em um mundo de mudanças constantes e ninguém é capaz de estar feliz o tempo todo. Estamos sujeitos a uma série de situações difíceis da vida, desconfortáveis, inesperadas e injustas, porém, o desenvolvimento da inteligência emocional permite lidar melhor com os problemas e tomar decisões sábias e assertivas. 

Inteligência emocional: ocasiões em que precisamos de inteligência de vida  

Um chefe carrasco, pais controladores, um vizinho fofoqueiro … São muitas as pessoas difíceis de lidar que vão passar pela a nossa vida. Não estamos imunes delas. Mas, antes de julgar, fazer cara feia e enfrentar desentendimentos, é preciso compreender que nem todos partilham das mesmas manias, interpretações de mundo, cultura e criação. A inteligência emocional faz com que reconheçamos que as pessoas pensam diferente e têm origens diferentes também. 

É importante saber reconhecer e lidar bem com as diferenças interpessoais. Uma das ferramentas da inteligência emocional aplicada é ter a capacidade de reconhecer seus próprios filtros mentais, isto é, a forma como você enxerga o mundo. O autoconhecimento é a melhor fórmula para decidir reagir às situações difíceis da vida. 

E que situações são essas? Você ficaria surpreso com a quantidade de vezes em que podemos usar o nosso autocontrole e autoconhecimento para tomar decisões assertivas e melhores. A inteligência emocional não serve apenas para não entrar em brigas desnecessárias, mas para reconhecer qual o seu propósito de vida, criar bem os filhos, seguir uma dieta saudável, lidar com as finanças, ser bom no trabalho e muito mais. 

Inteligência emocional: desenvolvendo na prática

Já sabemos que ninguém nasce com inteligência emocional, muito menos a adquire da noite para o dia. Mas há alguns exercícios que podem ser feitos para exercitá-la. Em um artigo para o Harvard Business Review, o psicólogo Tomas Chamorro-Premuzic recomenda cinco passos para aumentar a inteligência emocional, são eles:

  1. transformar o autoengano em autoconsciência;
  2. transformar o foco em si mesmo para o foco nos outros;
  3. agir de maneira que a convivência com as pessoas se torne gratificante;
  4. controlar explosões;
  5. demonstrar humildade. 

Identificando as emoções

Segundo estudos do psicólogo Paul Ekman, existem cinco emoções básicas universais: raiva, tristeza, desgosto, medo e alegria. Mas, embora essas emoções sejam presentes na vida de todas as pessoas, seus gatilhos são variáveis. Cada uma delas tem um propósito diferente e não seguem uma regra dicotômica, como muitas vezes pensamos. É válido ressaltar que o exercício da inteligência emocional não tem a intenção de evitá-las e, sim, de compreendê-las em suas particularidades. 

Uma curiosidade é que a parte do cérebro que processa as emoções é conhecida como cérebro emocional. Ele fica localizado no sistema límbico, parte frontal responsável por emoções, memória e aprendizagem. A amígdala é a parte que analisa riscos e vivências que vão resultar em sentimento. 

Exercício prático

Bem, já falamos bastante aqui sobre a importância da inteligência emocional e os cinco passos para desenvolvê-la, certo? Agora, vamos te mostrar uma situação hipotética, para dar uma dica fácil para te ajudar a colocar em prática nossos ensinamentos, em momentos de raiva, em desentendimentos nas suas relações e em diversas outras situações. Vamos lá?

Suponha que o seu chefe chegou ao escritório reclamando de tudo, xingando o motorista que quase bateu em seu carro, falando que o relatório do dia anterior que ele te pediu ficou horrível e, ainda por cima, nem te deu bom dia! Você, imediatamente, fecha a cara, fica mal com a situação e leva logo para o pessoal. Provavelmente, algo parecido já te ocorreu.

O que fazer nessas horas? Uma das primeiras coisas a se fazer é tentar ficar calmo e não agir por impulso, como dar uma resposta ríspida ou falar mais alto com ele. Não leve para o pessoal: foi com você que ele “desabafou”, mas poderia ser o seu colega, que só começa a trabalhar 1h mais tarde do que você. Apesar da suposta grosseria e do feedback negativo, busque não se sentir a pior pessoa do mundo. Você tem muito valor e não pode esquecer disso.

Depois, tente extrair algo de bom da situação. Voltemos ao feedback sobre o relatório. Pense “será que ele tem razão e ficou mesmo ruim o trabalho?”. Se a sua resposta for sim, sem problemas, errar faz parte do trabalho! Só não vale ficar chateado, estagnado, sem evoluir com a experiência.

Você pode ir até ele, pedir desculpas, e solicitar, gentilmente, que ele te aponte as falhas. Além disso, pode pedir um feedback de colegas da equipe. Assim, você consegue analisar melhor onde está o equívoco e refazer o trabalho, como um funcionário que reconhece falhas e busca sempre se aprimorar no cargo.

  • Nessa situação, o mais importante para deixar sua inteligência emocional ativa é:
  • Ser humilde em aceitar críticas;
  • Se conhecer de verdade, sabendo do seu valor;
  • Não deixar a raiva de outra pessoa te abalar;
  • Respeite seus limites, não queira abraçar o mundo, é normal não conseguir dar conta de tudo.
  • Colocar-se no lugar da outra pessoa (ela pode estar com um parente doente, por exemplo);
Inteligência emocional livro I Foto: Freepik

Inteligência emocional: Bônus: dica de leitura

Gostou do assunto e quer saber mais sobre inteligência emocional? Então esse livro é para você. A obra do escritor Tiago Brunet, ‘Emoções Inteligentes: governe sua vida emocional e assuma o controle da sua existência’, é uma excelente dica de leitura para compreender mais as funções da inteligência emocional na nossa vida.

Em doze capítulos, o autor aborda uma série de situações difíceis da vida rotineira que podem ser influenciadas pelo autocontrole ou a falta dele. Brunet nos convida a refletir sobre nossos propósitos de vida e habilidades emocionais, com dicas excelentes de como reagir melhor a dores, medos e frustrações, investindo no máximo nível de inteligência emocional.

A ideia central é justamente como as emoções são passageiras, enquanto que as decisões, permanentes. Por isso, é tão importante estar com a cabeça fresca para decidir algo, sem se deixar levar por emoções. Em resumo, trata-se de como o nosso emocional equilibrado é capaz de transformar a nossa vida. Vale muito a pena conferir!

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